26 de março de 2011

AURORA - PORSCHE 906 #126

O Porsche modelo “906”, também habitualmente conhecido como “Carrera 6” foi estreado em competições em 5 de Fevereiro de 1966 nas 24 Horas de Daytona, logo com uma vitória na sua classe e um 6º lugar na geral. Foram construídos no total 65 exemplares, o suficiente para a homologação em GT (Grupo 4), categoria onde iria ter como maiores adversários (não só nas provas de pista mas também na Montanha, na altura a viverem época de fulgor) o Ferrari Dino 206S, carro que se revelaria mais rápido mas menos resistente do que o Porsche, cujo habitual motor de 6 cilindros e 2 Litros debitava cerca de 220 cavalos de potência para apenas 580 Kg de peso.
O Carrera 6 foi desde o início um carro (embora legal para uso em estrada!) vocacionado para a venda a pilotos particulares e o chassis # 126 terá sido entregue ao suíço Hans Khunis para correr nesse ano de 1966 com as cores da “Ecurie Basilisk”. A sua primeira foi a Targa Florio (8 de Maio), curiosamente a primeira prova feita pelo 906 depois da homologação do modelo em Grupo 4 em Abril. O Dr. Hans Kuhnis e Heini Walter classificaram-se num excelente 15º lugar numa prova que marcou aquela que terá sido a maior vitória internacional do 906, já que Willy Mairesse e Herbert Muller levaram o carro com chassis #128 à vitória final.



Kuhnis, conduzindo sozinho em provas mais curtas, ou fazendo dupla com o experiente Walter (foi bi-campeão europeu de montanha em 1960 e 61, note-se), utilizou o carro nas épocas de 66 e 67, sendo de realçar alguns bons resultados que obteve (neste caso “a solo”), como o 4º lugar em Dijon, ou o 2º lugar na Copa Shell, disputada na pista de Monza, ambas as provas tendo lugar em Maio de 67.



A última prova do #126 com as cores da Ecurie Basilisk terá sido disputada em Hockenheim em Dezembro de 1967, tendo Hans Kuhnis passado posteriormente para o volante de outro Porsche 906 (#162) com o qual participou em várias provas internacionais de Montanha.
Entretanto, o #126 passou para as mãos do sueco Richard Brostrom, gentleman driver que o iria inscrever em diversas provas nacionais (Suécia) e internacionais durante a época de 68 sob as cores da equipa suíça baseada em Lausanne, “Sportscar Unlimited”. Salientem-se alguns bons resultados obtidos pelo futuro Aurora-Porsche nesse ano, como um 11º lugar em Anderstorp (Junho), 5º lugar em Norisring (Junho), 8º em Hockenheim (Julho), ou um 7º no GP da Suécia (Agosto). Curiosamente, Brostrom apareceu em Julho na lista de inscritos para a prova internacional de Vila Real, mas esteve ausente. A última prova de Richard Brostrom com o Porsche terá sido realizada em Espanha em Setembro de 1968, as 3 Horas de Jarama.
Provavelmente o carro terá ficado nessa altura em Espanha, tendo Brostrom adquirido para a época de 1969 um dos Porsche 908 ex. fábrica (chassis #010), carro que partilhou em várias provas de nomeada (1969 e 70) com o experiente piloto norte-americano Masten Greegory. Registem-se um 4º lugar nos 1000 da Áustria de 69 e especialmente o 2º lugar nos 1000 Km de Buenos Aires de 1970. Curiosamente seria este carro que iria a seguir parar às mãos do suíço André Wicky (que o reconverteu na fábrica à especificação “02 flunder”), e por isso estar também intimamente ligado ao automobilismo nacional, não só por ter sido conduzido por Nicha Cabral em Nurburgring, mas também devido às habituais presenças de Wicky nas provas angolanas.
Entretanto, o “nosso” Carrera 6 terá sido negociado Portugal no início do ano de 1969. Manuel Nogueira Pinto e João Posser de Andrade Villar eram na altura os possuidores do Porsche 911 R (#11899010) que deu o Título Nacional de Turismo Especial ao primeiro e terão dado o carro à troca com Alex Soler Roig para a compra do Porsche Carrera 6. O intermediário no negócio terá sido Bem Heiderich, o representante da Porsche em Espanha. Saliente-se que Soler Roig ainda terá utilizado o 911 R paralelamente ao seu habitual 911 T para conquistar alguns pontos preciosos para a conquista do Campeonato de Espanha (Turismo) desse ano de 1969. Note-se também que um Carrera 6 era em Espanha e em 69 um carro já ultrapassado, já que existiam no país vizinho pelo menos 2 Porsches do modelo 907 e havia também, ou haveria em breve, 3 “typ 908” nas provas nacionais.
A primeira prova de Andrade Villar no Porsche 906 #126 teve lugar na pista de Jarama, no dia 27 de Abril, tendo culminado com um excelente 2º lugar geral atrás do Ford GT40 de José Maria Juncadella. Saliente-se que atrás do Porsche ficaram os portugueses Carlos Santos (GT40 ex. Carlos Gaspar) e Ernesto Neves (Lotus Super Seven).



Em Junho, Villar voltou a competir em Jarama e obtendo desta vez a 4ª posição numa prova ganha por Alex Soler Roig num Porsche 907 (chassis # 005). Logo a seguir foi a vez de Manuel Nogueira Pinto tomar o comando do 906 para participar no Grande Prémio do ACP, a ter lugar na Granja do Marquês.



Mané partiu à frente e, depois de uma luta acesa com Ernesto Neves (Lotus 47) venceu inapelávelmente. Em 2º lugar (a 4 voltas de Mané) ficou Carlos Santos (Porsche Carrera 6) e na 3ª posição Américo Nunes (Porsche 911 S). Foi nesse dia que ardeu o Lotus 47 de José Lampreia, um carro que valeria na altura “entre 300 e 400 contos” e que depois de arder ficou (e segundo a imprensa da época) com o aspecto de “um monstro pré-histórico horrorosamente negro”…
Em Julho a dupla de pilotos levou o carro assistido pela Garagem Aurora às 6 Horas de Vila Real. David Piper e Chris Craft levaram o Porsche 908 à vitória e a dupla do nosso Carrera 6 teve uma excelente actuação, já que depois de obterem a 11ª posição na grelha de partida conseguiram um belo 7º lugar final e a melhor colocação entre os pilotos portugueses presentes.



Mas, depois de vários resultados prometedores, seria este o último resultado positivo do 906 #126 na sua configuração original. Em Julho, na Granja, disputava-se a prova internacional de 3 Horas integrada no “IV Circuito da Granja do Marquês”. Manuel Nogueira Pinto partiu à frente de Carlos Santos, Max Wilson (Lola T70 Spyder) e Ernesto Neves, mas foi este que assumiu logo depois o comando da prova. Mané desistiu à 31ª volta com uma avaria na caixa de velocidades quando era o 3º classificado, tendo a vitória final sorrido a Carlos Santos ao volante do seu Carrera 6, carro com chassis nº #133.



Eventualmente devido aos problemas de caixa surgidos na Granja, o #126 está ausente nas próximas provas do Campeonato, realizadas em Montes Claros e Vila do Conde e nas Rampas da Pena e Monsanto.
Em Dezembro de 1969 (dia 21) disputava-se o habitual Circuito da Palanca Negra na bela cidade de Luanda, Angola. A grelha de partida era composta por várias dezenas de carros de potências muito díspares, e a organização não escalonou os concorrentes pelos tempos obtidos nos treinos mas sim através da sequência da sua numeração. João Andrade Villar era o nº 16 e por isso alinhou na 4ª linha de uma grelha escalonada em 4-3-4-3 e com vários carros muito mais lentos à sua frente.



O que aconteceu a seguir é já bem conhecido de todos, com Villar a ter um horrível acidente quando tentava “furar” pela esquerda para desde logo passar alguns dos seus adversários mais lentos, matando várias pessoas que assistiam à prova junto à berma da pista por dentro da pista. “Janita” Andrade Villar viria a falecer algum tempo depois na sequência do acidente e o Porsche Carrera 6 ficou completamente destruído, tendo o seu destroço sido alegadamente adquirido por Carlos Santos.





Depois de 3 anos parado lá num canto da oficina de Eduardo Santos, este depois de muito olhar para o carro, decidiu aproveitar a mecânica do Carrera 6 e realizar um Spyder, com uma carroceria inspirada nos Chevron B19 e B21 que na altura vinham a Portugal correr frequentemente. Segundo Eduardo Santos (relatado em “Sportscar Portugal”) “o carro foi sendo (re)construído "a olho", sem planos e sem grandes meios. Uma das principais modificações foi a passagem das grandes jantes de 15' (que os 906 herdaram dos velhos 904) para jantes de 13' que devido ao menos diâmetro permitiam guarda-lamas mais baixos e, por consequência, melhor coeficiente de penetração aerodinâmica. Para tal foi preciso fazer novos braços de suspensão e novos cubos (já com aperto central) de modo a permitir a utilização das novas rodas. Ia-se fazendo aos fins-de-semana; com madeira, com chapa, barro, tudo. Tirava-se o molde e pronto!”. Aliás, a fábrica alemã tinha tomado conhecimento deste carro através da revista da “Guérin”, na época o importador da marca para Portugal. Nessa revista vinha referido o processo de concepção e construção da suspensão para passar as jantes da medida original de 15” para o diâmetro de 13”, algo que Herbert Staudenmaier, o responsável da Porsche naquela época pelos clientes de competição, dizia ser impossível de conseguir!... Logo Eduardo respondeu a Staudenmaier: “Impossível de adaptar jantes de 13” no chassis de um Carrera 6? Mas que elas lá estão, ai isso estão!”



O carro foi desde logo e para distinção do já transformado Carrera 6 (chassis #133 e habitualmente denominado “Aurora Porsche 906”), chamado como Aurora Porsche Spyder, e a sua primeira prova foi o Circuito de Vila Real disputado em Julho de 1973. O carro apareceu pintado de amarelo e com as cores da Elgon o habitual patrocinador do seu piloto, o luso-francês (mas nascido na Bélgica em Anderlecht…) Robert Giannone, um nome sempre ligado à Garagem Aurora desde 1967 e que estava então apeado depois do fim da Formula Ford no nosso país em 1972.
A primeira participação do #126 como Aurora foi relativamente curta, já que Giannone após ter conseguido o 18º lugar nos treinos abandonou a prova transmontana após 19 voltas. Curiosamente o carro “irmão” de Miguel Lacerda (Aurora #133) conseguiu um honroso 10º lugar na prova que foi o expoente máximo da carreira de Carlos Gaspar e também do Team BIP.



Na semana seguinte, Robert Giannone alinhou no GP do ACP, prova que incluía uma manga a contar para o Europeu de Grande Turismo. A vitória da prova de Sport-Protótipos foi para o britânico John Lepp, tendo Giannone obtido a 15ª posição.



Saliente-se que a prova do Europeu foi ganha pelo suíço Paul Keller num Porsche Carrera RSR, num evento que alegadamente “foi ignorado pelo público”…
Em Agosto a caravana do CNV deslocou-se como habitualmente a Vila do Conde e Giannone voltou a alugar o carro a Carlos Santos e a Eduardo. Foi 5º nos treinos e na prova, aproveitando também os problemas de embraiagem no Lola BIP de Santos Mendonça, foi sempre o 4º, numa prova que marcou a vitória e o recorde absoluto de Gaspar na pista nortenha. Saliente-se que Giannone estava já a realizar excelentes tempos com o leve e aerodinâmico Spyder, já que fez 1.05.98, melhor tempo do que Carlos Santos havia feito no Porsche Carrera 6 “convencional” em 1971 (1.06.28).



Em Outubro Giannone iria obter a sua primeira vitória absoluta no Aurora Porsche Spyder, ao vencer a IV Rampa Targa, disputada na Sr.ª da Graça e com a subida ao Monte de Farinha. Note-se que o carro nesta altura já tinha abandonado a cor amarela e aparecia agora pintado de castanho, mas mantendo o logótipo ELGON. Alinharam 58 concorrentes para esta prova de 5.000 m de comprimento, tendo Giannone realizado 3.06.16, sendo as posições seguintes para Mário Gonçalves em Austin 1275 GT (3.12.43) e Francisco Fino em Datsun 1200 Coupé (3.15.59).



Em Novembro havia nova prova do CNV no Estoril (Circuito Nacional), mas Giannone desta vez foi infeliz, já que partiu o motor nos treinos e teve que assistir de fora a mais uma vitória de Carlos Gaspar que assim assegurou o Título Nacional. Giannone foi assim o 4º classificado no campeonato, atrás de Gaspar, Lumaro e Carlos Santos.
Em 1974 as provas de automobilismo estiveram praticamente ausentes de Portugal continental e só veríamos o Aurora Porsche em Angola, quando a equipa da Aurora se deslocou “em peso” para a disputa do habitual Circuito das Festas do Mar em Moçâmedes. No entanto a equipa nortenha não seria feliz, e no caso de Giannone a sua participação seria saldada por uma desistência, numa prova vencida por Mabílio de Albuquerque em Lola T292-BMW.



Curiosamente foi preciso esperar 5 anos por esta prova disputada na longínqua Angola para que se pudessem finalmente reunir na mesma grelha os 3 Porsche Carrera 6 que coexistiram em Portugal no ano de 1969! De facto, em Julho de 1969 Joaquim Filipe Nogueira estreou o Carrera 6 (#130) ex. Nick Gold no Circuito de Montes Claros, mas como vimos atrás o #126 de Nogueira Pinto esteve ausente na prova apesar de inscrito. Em 1974, Angola, finalmente estariam juntos os três 906 portugueses, já que Giannone alinhou no Aurora Spyder (#126), Carlos Santos levou o (decrépito) Aurora Coupé (#133) e Herculano Areias alinhou no Carrera 6 (#130), carro que entretanto passara já também pelas mãos de Américo Nunes, até com um Título Nacional em 1972.
Em 1975 os automóveis de Grupo 6 (Sport-Protótipos) foram autorizados a correr em conjunto com os Grupos 2 a 5, e Robert Giannone apostou forte no campeonato onde teria como principais opositores os dois GRD de Carlos Santos e Lumaro. A primeira prova disputou-se em 9 de Março e foi o II GP do Estoril. O Porsche apareceu com as cores da “Penélope” e com uma nova carroceria, tendo Giannone obtido o 2º tempo nos treinos, inesperadamente à frente do GRD de Lumaro. No final a vitória iria sorrir a Carlos Santos (GRD) com Giannone em 2ª posição com 7.2 Seg. de atraso. Em 3ª posição ficou José Megre no seu bem preparado Datsun 260 Z.
A prova seguinte foi a Rampa da Serra da Estrela, tendo Giannone subido com chuva e obtido apenas a 20ª posição. Venceu o francês Jean Claude Béring, que teve a sorte de poder subir com o piso seco e por isso impôs a todos os favoritos o seu Porsche Carrera RS de Grupo 3.



Em Maio realizou-se a Rampa da Pena e Giannone mostrou que o binómio piloto-carro estava perfeitamente à altura das circunstâncias, obtendo nova vitória absoluta numa prova com muito público e que contou com 45 inscritos. Giannone fez o tempo de 1.54.13, sendo a 2ª posição para José Megre que fez o tempo 1.55.32 e deu grande luta ao piloto do Porto.



Em Junho disputou-se no Estoril o I Circuito Nacional do ACP, e o Porsche Aurora apareceu com nova decoração e com uma nova traseira “tipo GRD S73” onde estava incorporado um novo aileron. Na dianteira viam-se também novas aletas, ao que parece feitas com o alumínio de algumas velhas matrículas! Segundo Giannone o carro nas rectas do Estoril e em dias de vento “levantava a frente e parecia que ia voar” e Eduardo assim resolveu o assunto! Giannone seria o 3º nos treinos, mas na prova iria superiorizar-se novamente a Lumaro, que tinha o seu GRD cada vez em pior estado de manutenção. O vencedor foi Carlos Santos.
Em Julho disputou-se novo Circuito Nacional no Estoril, estando desta vez Carlos Santos ausente. Giannone fez a pole-position com 1.49.81, sendo o tempo de Lumaro 1.50.47. Após a largada o Porsche comandou durante a 1ª volta, mas Giannone teve que abandonar no final da 2ª passagem, deixando assim o caminho livre à vitória do GRD amarelo com as cores da Seiko. Depois de se ver o andamento do “novo” Aurora Porsche, dizia-se que “se tiver injecção fica com 230 cavalos e passa a andar o mesmo do que os GRD`s”…
A prova seguinte foi a de Vila do Conde (Agosto), prova marcada pela invasão da pista pelo muito público e a redução das provas para apenas 10 voltas.



Giannone fora o 1º dos treinos, ficando com Santos e Luís Madeira Rodrigues (Lumaro) como companhia na 1ª linha da grelha e curiosamente todos com tempos feitos no mesmo segundo! Neste estranho ambiente, típico do “PREC”, o industrial da moda-pele chegou ainda a andar à frente de Lumaro, mas acabaria a prova na 3ª posição atrás dos dois GRD de Carlos Santos e Lumaro.



Em Outubro disputou-se a Rampa do Centro, tendo a vitória absoluta ido para Clemente Ribeiro da Silva no Opel Commodore GS/E de Grupo 1. Giannone foi o 2º da geral (a apenas 7 décimas de Kiko) e o melhor do seu Grupo.



A prova seguinte foi o GP do ACP disputado em Novembro, e nela haveria a discussão do título nacional. Giannone não pôde alinhar já que havia sofrido poucos dias antes um acidente de viação que aparentemente resultou em várias fracturas, mas, inexplicavelmente, Carlos Santos esteve também ausente e por isso Robert Giannone sagrou-se vencedor do Campeonato Nacional de Velocidade, Agrupamento B em 1975. E dzemos “vencedor do Campeonato” e não “Campeão Nacional”, porque Giannone não sendo de nacionalidade portuguesa não poderia ser considerado Campeão Nacional…
Em 1976, os Sport-Protótipos são agregados nas provas nacionais com os vetustos Formulas (Ford e Vê) num novo “Troféu de Fórmula Livre” e Giannone opta por ressuscitar o seu antigo Lotus 61M de Formula Ford e abandona o (alugado) Aurora Porsche Spyder, que apenas sairá da garagem para a disputa do Circuito Costa de Lisboa e conduzido por Álvaro Parente (pai do piloto actual com o mesmo nome). O piloto portuense foi um bom 2º classificado, a 10 Seg. do GRD S73-Ford de Carlos Santos e à frente dos melhores Fórmula Ford, o Merlyn MK20 de Santos Mendonça e … o Lotus 61M de Giannone.



A última prova do Aurora Porsche na sua configuração Spyder terá sido o Circuito de Verão, disputado no Estoril em Agosto de 1977, quando o seu proprietário Carlos Santos com ele inesperadamente se inscreve, mas realiza apenas os treinos. O vencedor dessa prova foi Mário Silva em Merlyn MK17 e Santos não pôde por isso oferecer um bom resultado de despedida ao “Mestre Eduardo”, que até comemorava nesse dia os seus 39 anos…
Depois desta fugaz aparição, o Porsche Aurora #126 esteve durante mais de 20 anos arrumado lá no fundo da Garagem Aurora na Foz do Douro, tendo a dada altura sido vendido e reaparecendo já neste século em provas de Historic Racing pelas mãos do piloto austríaco Dr. Armin Zumtobel, curiosamente voltando à sua configuração inicial original e mesmo às cores que ostentava quando nas mãos de Andrade Villar e Nogueira Pinto.



O carro, que esteve no Estoril em 2004 para participar no Historic Festival, é hoje em dia muito conhecido nas provas internacionais da especialidade, também porque foi o modelo utilizado no conhecido jogo de computador “GT Legends”.



Porsche Aurora Spyder 906 “#126” um carro português com uma bela história…

Fotos: Arquivo ACP, João Paulo Sotto Mayor, José Carlos Ferreira, Sportscar Portugal, internet e publicações da época.

18 de março de 2011

9 de março de 2011

GENTLEMAN DRIVERS CHANGING GEARS
BRAGA, 19 DE FEVEREIRO DE 2011



Em mais uma iniciativa do ClubRacing o evento" Gentleman Drivers Changing Gears" regressou a Braga no passado dia 19 de Fevereiro, tendo os níveis de participação e o interesse dos aficionados um registo idêntico aos dos anos anteriores, já que estiveram presentes cerca de 120 automóveis e o paddock encheu-se de aficionados (e aficionadas, note-se) do automobilismo.



Clássicos, Clássicos Contemporâneos, Clássicos de Competição, Formulas e Super-Desportivos Modernos partilharam, divididos por categorias, o Circuito Vasco Sameiro durante toda a tarde, tendo sido desta vez a principal atracção um grupo de monolugares de Fórmula Ford, que deu várias voltas de exibição à pista bracarense. Sem dúvida um bom aperitivo para o novo campeonato de “Single Seaters” que se irá realizar em 2011 e para o qual se anuncia a presença de um grande número de carros dos anos 70 e 80. Entre estes destaque-se a estreia em Braga do Royale RP 16 de Carlos Diniz e a presença, após completo restauro, do Rondeau do piloto famalicence Rodrigo Silva.



Da nossa parte aproveitamos para tirar o pó ao AX GTi ex. Mário Silva ...







Saliente-se também a presença do inédito “Ultima GTR”, um carro inspirado nos carros de competição com motor central que corriam nos Estados Unidos nos anos sessenta e setenta. Este GT inglês (vendido em kit), está equipado com um motor Chevrolet V8 de 5700cc e 535 cv.



Um Mini Protótipo da “Lusomotors” também deu nas vistas, devido ao seu aspecto agressivo.



Mas o interesse do GDCG não se ficou por aqui. Ainda dentro dos Clássicos de Competição, esteve presente o Lancia Delta Integrale (ex. Didier Auriol) de Francisco Sanches – Mário Sousa e o Alfa Romeo GTV6 2500 de Paulo Lopes Porto, um carro que Rufino Fontes conduziu entre 1985 e 1986 e que antes tinha pertencido à equipa semi-oficial do preparador Elio Imberti.



Entre os carros ou pilotos que por vezes participam nos campeonatos Nacionais, realcem-se as presenças, entre outros, de Nuno Pimenta e Miguel Rodrigues (Mini Seven), António Pereira (Austin Cooper S), Carlos Barbosa (BMW 323i), José Mota Freitas (Citroen AX GTi), Rui Ramalho (Honda Civic VTi), Rui Sanhudo (Lotus 61M e Unipower GTs), João Pedro Peixoto (Mini 1275 GT), Telmo Matos, Carlos Santos, Hélder Pimenta e Henrique Teixeira (Datsun 1200), Jorge Guimarães (Volvo 122) e Sérgio Teixeira (Porsche 924).




No entanto o GDCG não vive só da presença de pilotos federados, já que a adesão de participantes nas outras categorias foi também apreciável, embora ligeiramente inferior à dos anos anteriores (culpa da “crise” e do mau tempo…), sendo de realçar a presença massiva de automóveis Jaguar, Mini, BMW e outros Clássicos dos anos 70 e 80 e sobretudo dos homens do Clube Porsche, entre os quais se destaca o potente GT3 de Carlos Oliveira e o raro 964 “RS America" de Torres Silva.



Por seu lado, o carro mais antigo presente, era provavelmente o descapotável americano Ford Thunderbird (1955) de José Manuel Mota.



Notou-se também a inesperada presença de Rui Queirós como piloto, já que o conhecido designer e fotógrafo nortenho, conduziu desta vez e durante algumas voltas o Citroen AX GTi ex. Mário Silva.



O balanço final é positivo: tudo correu bem, os proventos deram para as despesas, não houve quaisquer acidentes a registar, as pessoas divertiram-se. Gentleman Drivers Changing Gears, uma festa do automobilismo idealizada e organizada por Rui Sanhudo, e que tem o condão de, pelo menos uma vez por ano, encher de público o Autódromo Vasco Sameiro…