21 de fevereiro de 2008

ENTREVISTA PARA SITE WWW.VELOCIDADEONLINE.COM

NOME ENTREVISTADO: José Mota Freitas

Local de Nascimento: Porto, reside em Viana do Castelo
Profissão: Médico de Patologia Clínica e Med. do Trabalho
Estado Civil: Casado, 2 filhos
Hobby´s: Automobilismo (pois …)
Clube Preferido: Estrela e Vigorosa Sport



Que jornais, revistas, e sites da especialidade lê habitualmente?
Leio todas as revistas, jornais e sites nacionais, mas dou obvia preferência à Topos & Clássicos. Entre as estrangeiras a minha preferida é a revista inglesa MotorSport.

1º Pode-nos fazer um balanço da época que passou?A época de 2007 começou bem e acabou mal…
Começou bem porque na prova de Braga (Abril) consegui um bom 8º lugar na 2ª corrida (3º em H76) e o carro mostrou-se muito bem preparado e equilibrado.
Em Julho na Boavista fiz sem dúvida a minha melhor prova de sempre, na 1ª manga, terminando em 5º lugar da geral e “colado” ao 4º o Midget do António Paquete. Fiquei também em 3º entre os H76. Foi uma sensação excelente subir ao pódio do WTCC…
O final da época foi pior, porque tive um acidente na Rampa Histórica do Caramulo e como consequência não pude alinhar no Circuito de Vila Real…

2º Balanço entre a época de 2007 e 2006?
A época de 2006 foi um pouco “triste”, pois fazer apenas provas em Braga não cria interesse suficiente em pilotos, público, patrocinadores, enfim em ninguém! E como apenas disputei duas jornadas em Braga…
Em todo o caso, na última prova de Braga, o carro estava com uma afinação e alinhamento excelente, graças ao trabalho criterioso do Sr. Cepeda, o meu mecânico, que é uma pessoa extremamente competente e metódica, e com a importante ajuda do Sr. António Pereira que é um mestre no alinhamento e preparação de minis de competição.
Aliás, nessa prova bati o meu recorde pessoal na pista de Braga, tirando mais de 3 segundos ao melhor que antes havia feito e fiquei em 5º na Taça 1300 apesar de ter partido das boxes…
Da época de 2007 já falei atrás…

3º Considera que o ano de 2007, foi o ano de viragem para a velocidade em Portugal?
Eu sinceramente não acho. Pelo contrário, creio que ainda vez mais se degradaram as condições de participação, a competência das organizações e os custos de participação.
As únicas notas positivas foram a realização de novos circuitos e o aparecimento dos Clássicos 1300 como campeonato e a renovação do CNV. Mas para os pilotos 100 % amadores, como eu e muitos outros, as coisas não melhoraram nada, antes pelo contrário. A verdadeira ”viragem” ainda estará por acontecer…



4º Na sua opinião acha que se poderá fazer maior promoção e divulgação das provas de velocidade em Portugal? De que maneira? Que medidas preconizaria?
Sem dúvida que em Portugal o produto “automobilismo”, nomeadamente o de velocidade, não é muito vendável e por isso não é de estranhar, que em algumas provas em Braga não cheguem a 100 as pessoas presentes nas bancadas. Mas também já vi enchentes de público na mesma pista, em dias em que, ao que soube, houve forte promoção local. As pessoas se souberem que o programa existe e é bom, e que vão pagar um preço justo, aparecem.
A solução passaria também em pensar melhor os programas, colocando as provas em “pacote” a horários decentes. Por exemplo, o sistema antigo de “treinos ao sábado e provas ao Domingo” era interessante para o público, que ia ao circuito com a certeza de que iria assistir a 5 ou 6 provas, no mínimo.
E depois, há a crónica falta de condições dos nossos circuitos permanentes: em Braga, não se pode ir para uma bancada que está vazia e só se pode ver as provas nas traseiras da bancada de Karting; quem compra bilhete de bancada, não pode ir ao paddock nem ao bar; no Estoril as bancadas mais interessantes estão fechadas; ou se estão abertas estão as casas de banho fechadas…

5º Qual a sua preferência, provas em autódromos, ou circuitos citadinos, ou provas de rampa? Porquê?
Em relação às rampas tenho pouca experiência e tenho tido pouca sorte, em relação aos circuitos penso como toda a gente: os citadinos são mais interessantes pois permitem um grande contacto com o público, mas os circuitos permanentes oferecem outras perspectivas ao nível da técnica de condução e da segurança apresentadas…

6º Fale-nos um pouco da sua experiência de participação nos circuitos da Boavista e Vila Real
Gostei bastante de repetir a Boavista, pois já tinha participado em 2005. Sou natural do Porto e para mim é incrível como me vejo a andar num “carro de corrida” naquelas ruas onde passei tantas vezes em “carro de passeio”… em relação a Vila Real não posso falar como piloto, pois estive ausente, mas vi que o ambiente era fantástico, ainda melhor que na Boavista…



7º É a favor do aumento do número de provas quer em termos de provas de pista quer de montanha?
Creio que o número actual (8) está até exagerado, nas provas de pista. Creio que 6 jornadas duplas seriam suficientes e aí sim era possível a mais gente planear uma época inteira. Agora, uma época com 8 provas torna-se incomportável para quase toda a gente não só a nível monetário como familiar, já que actualmente é necessário ir para as verificações na 6ª de tarde ou mesmo à 5ª feira, o que é impensável para quem trabalha e tem família…
Em relação às rampas creio que o número de provas é razoável, embora com poucas rampas no Sul de Portugal. É pena também que não regresse a Rampa da Falperra, pois sei que há muita gente (incluindo eu…) que gostaria de lá correr…



8º Com a abertura em Setembro de 2008 do circuito do Algarve, é de opinião que o autódromo do Estoril vai ter uma diminuição de provas nacionais e internacionais?
Creio que em 2008 isso ainda não se irá notar, mas a partir de 2009 acho que esse facto será inevitável, pois o Autódromo do Algarve terá condições inigualáveis em Portugal para a realização de provas…

9º Falando de segurança pessoal, acha que é mesmo necessário o uso de roupa inteiro adequada para a prática do automobilismo? Sabe que para 2008, vai ser obrigatório o uso do sistema Hans. Está de acordo com o uso deste sistema de segurança? Pensa que se justifica o seu uso nas provas em Portugal?
Como é obvio, tudo o que vier de novo e obrigue a custos é mau para os participantes menos endinheirados, mas neste caso do Hans, creio que estamos todos de acordo de que, sendo regras em prol da segurança as devemos apoiar, custe o que custar…

10º Pensa que será proveitoso para a velocidade nacional o incremento do numero de provas citadinas? Será este o melhor caminho para trazer o público até esta modalidade do nosso automobilismo?
Mais do que o incremento será necessária a diversificação e a novidade. Por isso é que eu fui, saindo de casa às 5 da manhã, assistir à jornada na Granja do Marquês, onde assisti, diga-se de passagem ao melhor meeting de 2008 sob o ponto de vista do espectador, já as condições de visibilidade da pista eram fenomenais…



11º É de opinião que o papel dos jornais da especialidade e dos sites deveriam ser mais preponderantes na divulgação de todos os pilotos que participam habitualmente nas provas? Qual a sua opinião sobre o trabalho desenvolvido por todos estes órgãos de comunicação social ao longo desta época? E o trabalho desenvolvido pelos sites?
Cada um à sua maneira, todos têm ajudado. Infelizmente, o Autosport que em 1985 publicava 15 páginas numa reportagem sobre o nacional de velocidade, agora publica uma, mas paciência os tempos são outros. Os sites (e entre eles um dos principais sendo o velocidadeonline.co.pt) têm tido um papel importantíssimo na promoção, pois têm já uma grande audiência e ajudam bastante os pilotos, publicando muitas imagens das provas e, saliente-se, imagens de TODOS os pilotos, enquanto nas publicações escritas saem geralmente duas ou três fotos e sempre dos vencedores…

12º Se fosse eleito hoje como presidente da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting, quais seriam as primeiras medidas que tomava para o sector da velocidade e provas de Montanha?
Arranjava logo uma equipa de trabalho competente para trabalhar comigo, e em todas as modalidades, além de bons conselheiros entre pessoas independentes e competentes, pois ninguém consegue governar uma empresa ou uma instituição sozinho, embora por vezes alguns pensem que sim…



13º Qual a sua opinião sobre o nível organizativo das provas de velocidade em Portugal? Na sua opinião quais as organizações mais eficientes?
Infelizmente nas provas de velocidade em que tenho, participado o mote tem sido a falta de respeito pelos pilotos, como aconteceu na Boavista. Mal por mal, os que tratam melhor os pilotos são os homens do CAM em Braga, que apesar cobrarem caro nas inscrições, fazem por ser simpáticos com os concorrentes.

14º Acha que seria proveitoso para Portugal a organização de mais provas de carácter internacional, a ter lugar em diferentes autódromos em Portugal?
Acho que seria também proveitoso que algumas dessas provas internacionais viessem para pistas nortenhas (Braga, Vila Real), pois com o custo actual dos combustíveis uma viagem Norte-Sul fica agora a preços elevadíssimos para o público interessado…

15º No seu ponto de vista, acha que as televisões em Portugal, deveriam passar em directo as provas de velocidade e Montanha? Acha necessário a existência de mais programas de automobilismo desportivo na sua generalidade nos canais televisivos existentes em Portugal ?
Infelizmente a RTP não tem agora nenhum programa semanal de automobilismo, além do magazine que é passado na RTP2 aos sábados a horas que ninguém sabe. Outra referência de que todos gostávamos era o programa do Pedro Gil Vasconcelos na RTPN.
Mas, apesar de tudo, temos a SportTV que em quase todas as provas apresenta reportagens minimamente desenvolvidas e bem montadas.
Em relação aos directos das provas nacionais, creio que é um produto televisivo com pouca audiência e por isso creio que inviável de acontecer. Embora me recorde com saudades das manhãs de Domingo em que se podia assistir em directo às imagens vidas da Rampa da Falperra…

16º Um assunto que está na ordem do dia, e a retirada das barchetas das provas de Clássicos, e a inclusão das mesmas no novo Open de Velocidade. Qual a sua opinião sobre este assunto? Pensa que para 2008, deveria manter_se tudo como em 2007, ou deve-se alterar, integrando as barchetas antigas com os carros do Open de Velocidade?
Creio que as barchettas são automóveis clássicos e como tal deveriam correr com os outros carros da sua época, isto é, os restantes clássicos. Aliás, eram talvez os carros mais interessantes para o público. Ainda me lembro de uma vez o mau pai, que andava já há alguns anos sem ir a provas me disse que queria ir a Vila do Conde. Eu estranhei o seu interesse e perguntei-lhe porquê. Ele respondeu “porque quero ver o Chevron do Mário Silva”…
Duvido também que algum proprietário de protótipos clássicos meta o seu carro numa prova de resistência, sabendo que o motor que tem no seu carro tem custos elevadíssimos de manutenção e um tempo curto de utilização sem riscos.
Mas vamos ver…

17ª Em poucas palavras, para si, o que é o automobilismo que pratica?
É o meu hobby e uma grande paixão, embora seja um hobby caro e uma paixão por vezes não correspondida…



18º Que projectos já existem para a próxima época?
Para a próxima época ainda não sei. O carro está quase refeito do acidente no Caramulo-2007 e depois se farão “contas à vida”. Ao contrário dos 5 anos anteriores, em que já fui federado, não tirei a licença no mês de Janeiro para aproveitar os descontos, o que é “mau sinal”…
Poderei mesmo parar em 2008, ou então fazer 2 provas.
Uma delas será certamente a prova de Portimão, que se afigura como uma grande festa do automobilismo português. Queria também ir a Vila Real, já que não o pude fazer em 2007. Mas se calhar vou participar na prova de Setembro, a do Campeonato Nacional de Resistência e fazendo equipa com um amigo de Viana do Castelo. Nestas provas de resistência não será necessária a absurda pré-inscrição no campeonato e podem dividir-se as despesas por 2 o que me parece mais exequível.