21 de maio de 2006






Dois Minis e o seu Primo - Photo Test Drive em Braga - Março de 2006

Às 11 horas de Sábado, três carros alinharam na pista de Braga para as fotos de grupo, e logo a seguir foram para a pista fazer imagens de simulação de corrida. Eram 2 Minis – um de Grupo 2 e um de Grupo 5 – E O SEU PRIMO, o Unipower GTs (Chassis #36837) que em 1968 foi de Mané Nogueira Pinto.
Depois das fotos de grupo (da “praxe”), cada um no seu carro, o Paulo Ramalho, o Rui Sanhudo e o autor destas linhas, foram evoluindo na pista de Braga, andando neste dia sem stress, sem competição, apenas pelo puro prazer de guiar um caro de competição em pista – o que os 3 mais gostam!
E desta vez coube-me a mim experimentar os 3 carros e descrever o que senti. Houve até por lá logo quem me chamasse de “o Luca Badoer dos Minis...”.
Comecei por andar no meu fiel Austin Cooper S. O carro havia sido terminado alguns dias antes e estava excelente, depressa notei uma evidente melhoria no seu andamento em relação ao ano passado. Os novos segmentos e os carretos laterais de dentes direitos, fizeram com que o motor tivesse mais compressão e a perda de andamento entre mudanças fosse menor. E a nova cabeça, que deve estar a chegar, vai decerto dar mais rendimento ao carro e vou poder melhorar os tempos do ano passado. A potência poderá passar dos cerca de 115 cavalos actuais para cerca de 120. A travagem está também melhor, depois de ter sido aplicado o sistema duplo de travagem, como mandam os regulamentos de Grupo 2. O responsável pela excelente preparação deste carro é o Sr. Joaquim Cepeda, que tem grande experiência na preparação de minis pois além de praticante (piloto) nos anos 70 em Angola, preparava na época, e dava assistência, a vários minis, como o que Emídio Poiares e Vítor Morgado levaram ao 9º lugar nas 6 Horas de Nova Lisboa em 1974.
Depois de ter dado 5 ou 6 voltas parei e sentei-me no Mini Grupo 5 do Paulo Ramalho. Desde logo notei que é um automóvel muito diferente do meu. A posição de condução é bastante mais baixa e o tablier em carbono com muita instrumentação fez-me desde logo alguma confusão. O Paulo perguntou-me: “já guiaste algum carro com dog box?”. Ainda não! E esse foi o meu principal problema, já que a adaptação a um carro com caixa sem anilha sincronizadora demora o seu tempo, pois é preciso afinar a técnica de ponta-tacão nas reduções. E tinha que ter cuidado, pois a caixa “dog box” da Jack Knight de 5 velocidades que equipa este Mini, custou a módica quantia de 6000 Euros (1200 contos) e não era para estragar! Depois de duas voltas de adaptação, comecei a andar mais à vontade e pude-me então aperceber do real andamento daquele que é um dos Minis mais competitivos de Portugal - tem actualmente cerca de 138 cavalos. A direcção é muito precisa, e a potência disponível em baixas rotações é bastante superior à que tenho no meu Grupo 2. Pode-se dizer que se faz tudo bem com uma mudança acima, já que na parte mais sinuosa onde no meu carro será necessário recorrer a uma 2ª, neste Grupo 5 a força da 3ª resolve bem o problema. Achei também o carro muito equilibrado e com uma boa saída de traseira, não “fugindo” como o meu, com alguma facilidade. Note-se que este é um Mini que vem sendo desenvolvido pelo Paulo Ramalho e a sua equipa a PR Miniracing (www.prminiracing.com) desde 2000, com a ajuda de Narciso Almeida e António Pereira (ex. mecânico de Mário Gonçalves e João Baptista, entre outros), sendo actualmente um automóvel bastante potente e equilibrado.
Foi pois uma agradável experiência guiar este Mini e quando de lá sai só pude dizer: “nunca mais quero o meu Mini. Quero é um igual a este!”.
Quando me sentei no Unipower GTs (www.unipower-gt.com) do Rui Sanhudo voltei a sentir-me num clássico, já que o carro do Paulo Ramalho é um Mini com aspecto interior e soluções bastante modernas e actuais (embora sempre utilizando material genuíno Mini, note-se) que o fazem parecer mais um dos modernos e potentes Mini Miglia do famoso Troféu Inglês do que um verdadeiro Mini clássico.
E a maior surpresa do dia ainda estava para vir!
O Unipower GTs tem uma posição de condução espantosa, já que é muito baixo, guiando-se quase deitado. O manípulo da caixa de velocidades fica do lado esquerdo, entre o banco e a porta (como no Ford GT40), e para complicar mais as coisas, a posição das mudanças é completamente diferente do normal, já que a 1ª tem o habitual lugar da 3ª, a 2ª o da 4ª, a 3ª está no habitual lugar da 1ª e a 4ª no local da 2ª! Como podem ver, eu TIVE nesse dia um PROBLEMA com as caixas de velocidade. Um erro bastava para poder danificar a caixa do carro histórico do Rui Sanhudo. Mas isso não foi nada que não se resolvesse, e depois de duas voltas para adaptação comecei a rolar mais à vontade podendo pois aperceber-me da excelente afinação do motor por parte do Sr. António Pimenta, já que o mesmo me parece muito solto e potente. O carro, foi também uma boa surpresa no seu comportamento dinâmico, pois pareceu-me muito seguro e com uma excelente caixa de direcção, bastante precisa. O centro de gravidade do carro, muito baixo, decerto contribuirá também para o seu excelente comportamento em pista, proporcionando a quem o guia excelentes momentos de condução.
Não tenho dúvidas de que se o Rui Sanhudo perder um pouco do “amor” que tem pelo carro, poderá aproximar-se dos lugares da frente entre os concorrentes à Taça 1300!
Entretanto, alguns pilotos presentes e outros amigos que iam aparecendo, iam experimentando os 2 Minis e o seu Primo: José Manuel Silva, João Rodrigues, António Durães, Sérgio Rola, Joaquim Craveiro, Rui Queirós, Narciso Almeida António Pereira e Rui Ramalho foram alguns que foram vistos a “rolar” no asfalto bracarense. Luís Lopes do site www.velocidade.online.pt também experimentou alguns dos carros presentes.
E, para que conste, a melhor volta do dia ficou na posse de Paulo Ramalho: 1.33.85
E tudo sem stress!